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Como é a tecnologia de túnel imerso, que será usada em Santos

Autoridades brasileiras tentam atrair empreiteiras estrangeiras que dominam a tecnologia, inédita no país. E visitaram as obras do túnel Fehmarnbelt, que con...

Como é a tecnologia de túnel imerso, que será usada em Santos
Como é a tecnologia de túnel imerso, que será usada em Santos (Foto: Reprodução)

Autoridades brasileiras tentam atrair empreiteiras estrangeiras que dominam a tecnologia, inédita no país. E visitaram as obras do túnel Fehmarnbelt, que conectará Alemanha e Dinamarca e será o maior do tipo no mundo. Porto de Santos é o maior da América do Sul Governo de SP/Divulgação O túnel entre Santos e Guarujá, no litoral paulista, um projeto de infraestrutura discutido há quase um século, deve finalmente começar a sair do papel no próximo ano. Em agosto, um leilão definirá quais empreiteiras irão construir e operar a obra, que usará uma tecnologia inédita no Brasil, a de túnel imerso. ✅ Clique aqui para seguir o novo canal do g1 Santos no WhatsApp. Funciona assim: em vez de cavar o túnel por baixo do leito do canal, ele será primeiro construído na superfície, em partes feitas de concreto armado. Depois, essas partes recebem uma vedação temporária, são rebocadas até o local desejado, afundadas até o leito do canal e conectadas. Em seguida, faz-se o acabamento interno e o túnel está pronto. Como uma obra dessas nunca foi feita no Brasil, autoridades têm viajado ao exterior para tentar atrair empresas que dominam a tecnologia para participarem do certame. E um dos locais visitados é o canteiro de obras de um túnel imerso que está sendo construído entre a Alemanha e a Dinamarca, o túnel Fehmarnbelt. Em abril, uma missão composta pelo ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, visitou, entre outros destinos europeus, as obras do túnel Fehmarnbelt. "É a mesma tecnologia que será usada no túnel de Santos", afirmou Costa Filho. Já Tarcísio o considerou "um exemplo para que possamos entregar o que há de melhor para a população da Baixada Santista". Leia também: ETAPAS: Túnel no mar entre Santos e Guarujá: veja as etapas do lançamento do edital ao início das obras APRESENTAÇÃO: Tarcísio apresenta projeto do túnel Santos-Guarujá na Europa e busca atrair R$ 6 bilhões para obra INÍCIO: Obra do Túnel Santos-Guarujá começa e interrompe navegação no Porto de Santos; entenda Um novo grupo de autoridades brasileiras foi ao canteiro de obras do túnel Fehmarnbelt nesta terça-feira (06/05), composto por congressistas e autoridades, entre elas o prefeito de Santos, Rogério Santos, e o ministro Walton Alencar, do Tribunal de Contas da União, em uma missão organizada pela Frente Parlamentar Mista de Portos e Aeroportos (FPPA). "Viemos conhecer as boas práticas, é importante compartilhar essa experiência para a realização do túnel entre Santos e Guarujá, que o Brasil espera há um século", afirmou à DW o deputado federal Paulo Alexandre Barbosa (PSDB-SP), presidente da FPPA e ex-prefeito de Santos. As autoridades também se reuniriam com representantes de empresas envolvidas na obra. O leilão está previsto para ocorrer em 1º de agosto, e segundo reportagens da imprensa brasileira haveria no momento quatro consórcios interessados: Mota-Engil (Portugal) com CCCC (China), Acciona (Espanha) com Ballast Nedam (Holanda), Andrade Gutierrez (Brasil) com Webuild (Itália), e OEC (Brasil) com EGTC (Brasil) e uma terceira empresa. Uma das empresas visitadas pelas autoridades brasileiras foi a holandesa Tec Tunnel, que atua na obra do túnel Fehmarnbelt e em outras do tipo no mundo. A chinesa CCCC construiu o túnel subaquático de Taihu, o maior da China, com 10,8 quilômetros de extensão, e a holandesa Ballast Nedam já realizou túneis semelhantes na Holanda e está construindo um no Iraque. Túnel Santos-Guarujá, uma ideia de cerca de cem anos Entenda o túnel submerso que vai ligar Santos a Guarujá g1 Hoje as duas cidades do litoral paulista são conectadas por terra, em um caminho que leva 43 quilômetros e pode durar cerca de uma hora, ou por balsas, cuja travessia leva 18 minutos, sem contar o tempo de fila. As balsas competem no canal com os gigantescos navios cargueiros que entram e saem do Porto de Santos, o maior da América Latina em movimentação de contêineres. Quando o túnel ficar pronto, a travessia deve ser feita em dois a três minutos, e o canal ficará mais livre para a movimentação dos navios cargueiros. O projeto para o túnel rejeitou a opção de cavar o subsolo devido a instabilidades geológicas da região, segundo o governo de São Paulo, e uma ponte foi descartada devido à altura dos navios cargueiros que por ali passam e à Base Aérea de Santos, que fica nas proximidades. A via terá 1,5 quilômetros, dos quais 870 metros serão de túnel submerso. O túnel será construído em seis partes de concreto, em um canteiro de obras próximo. Depois de as partes ficarem prontas, o canteiro de obras é inundado e os segmentos, que boiam, são rebocados até o canal. É então bombeada água para piscinas provisórias dentro dos segmentos, para que eles afundem até encontrarem o leito, já preparado para recebê-los. Os seis elementos são então conectados com o auxílio de macacos hidráulicos e são retiradas as vedações entre eles. O túnel é então coberto por pedras, e são feitas as obras de acabamento interno. Serão três faixas em cada sentido, sendo uma adaptável para VLT, e uma via exclusiva para pedestres e ciclistas. O túnel tem custo estimado de R$ 5,78 bilhões, dos quais R$ 4,96 bilhões serão custeados meio a meio entre governo federal e governo estadual – será o maior projeto do Novo PAC. As obras devem começar em 2026, e a previsão é de durarem três anos. O consórcio vencedor construirá o túnel e irá operá-lo por 30 anos – em troca, cobrará pedágio dos veículos e caminhões que por ali transitarem e receberá uma contraprestação anual do governo. Vencerá o leilão o consórcio que oferecer o maior desconto na contraprestação do poder público. Túnel Fehmarnbelt será o maior do tipo do mundo Lula e Tarcísio participam de lançamento do edital do túnel Santos-Guarujá Arquivo AT Uma das inspirações para o túnel entre Santos e Guarujá, o túnel entre a Alemanha e a Dinamarca já está em construção e é hoje o maior canteiro de obras da Europa. Em junho de 2024, o rei da Dinamarca, Frederik 10, inaugurou o primeiro elemento de concreto que comporá o túnel. No total, serão 89 elementos, cada um de 42 metros de largura por 270 metros de comprimento, e pesando cerca de 70 mil toneladas. Juntos, eles formarão os 18 quilômetros de túnel que conectará a cidade dinamarquesa de Rødby à vila alemã de Puttgarden, que fica na ilha de Fehmarn. O túnel terá duas pistas para carros e caminhões em cada direção, e duas linhas ferroviárias. Quando ficar pronto, a ligação direta entre Hamburgo e Copenhagen terá 330 quilômetros. A obra faz parte de uma iniciativa mais ampla da União Europeia para construir uma conexão mais rápida por trem entre o norte e o sul do continente e desincentivar o uso de aviões, que emitem muitos gases do efeito estufa. Outra grande obra que integra essa iniciativa é o túnel de base do Brennero, que corta os Alpes entre a Áustria e a Itália e terá 55 quilômetros – será o segundo maior túnel ferroviário do mundo. O custo estimado do túnel Fehmarnbelt e suas conexões é de cerca de 7,4 bilhões de euros (R$ 48 bilhões). O túnel imerso custará 6,6 bilhões de euros (R$ 43 bilhões) e é financiado integralmente pela Dinamarca. A Alemanha investirá cerca de 800 milhões de euros para conectá-lo à rede alemã de rodovias e ferrovias. A obra deve ficar pronta em 2029, e o pedágio por veículo de passeio deve custar cerca de 70 euros (R$ 453). Será o maior túnel de uso ferroviário e rodoviário do mundo, e o maior túnel imerso do mundo. VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos